Nesta terça-feira, 16, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) declarou a prisão dos médicos José Luis Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, acusados de participação na morte e retirada ilegal dos órgãos de Paulo Pavesi. O caso aconteceu em 2000, em Poços de Caldas, no Sul de Minas Gerais.
Em 2021, ambos foram sentenciados a 25 anos e 10 meses de prisão por homicídio qualificado por motivo torpe e perpetrado contra um menor de 14 anos. Desde então, eles aguardavam o julgamento em liberdade.
Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos — Foto: Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal |
Conforme repercutido pelo G1, a Justiça também negou o recurso de Álvaro Ianhez, mantendo sua detenção. O médico recebeu uma pena de 21 anos e 8 meses de prisão pelo mesmo crime e está sob custódia desde maio de 2023.
O TJMG também analisou o recurso de outros três profissionais da saúde envolvidos no caso: Sérgio Poli Gaspar, Celso Roberto Frasson Scafi e Cláudio Rogério Carneiro Fernandes. Os três médicos continuam condenados pela remoção de tecidos, órgãos ou partes do corpo em desacordo com a legislação, mas não foram presos.
Caso Pavesi
Há 24 anos, no dia 19 de abril de 2000, Paulo Veronesi Pavesi, de apenas 10 anos, caiu no playground do prédio onde morava e foi encaminhado à Santa Casa de Poços de Caldas, onde seus órgãos foram retirados após um diagnóstico de morte encefálica forjado.
Exames realizados após o incidente comprovaram que o menino estava vivo no momento em que seus órgãos foram retirados. Assim, José Luis Gomes da Silva, José Luiz Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio qualificado. Três deles foram condenados, enquanto Marco Alexandre foi absolvido pelo júri.
De acordo com a acusação do Ministério Público, as ações dos médicos envolvidos resultaram na morte da criança, como a admissão em um hospital inadequado, atraso do atendimento neurocirúrgico, realização de uma cirurgia por um profissional sem a devida qualificação legal, levando a um erro médico, além da falta de um tratamento eficaz. A denúncia ainda aponta para uma fraude no exame que confirmou a morte cerebral.
Álvaro Ianhez, médico responsável pela entidade MG Sul Transplantes, foi acusado pelo Ministério Público de liderar um esquema de tráfico de órgãos humanos, onde a organização atuava como intermediária na transferência de órgãos para possíveis receptores.
A descoberta de um suposto esquema ilegal para a retirada de órgãos de pacientes em Poços de Caldas resultou no descredenciamento da Santa Casa da cidade para a realização de transplantes e remoção de órgãos. A MG Sul Transplantes, entidade responsável pelos procedimentos na cidade, também foi dissolvida.
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